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Quinta manhã

 

 

     "Anteriormente na Ketsui Gakuen foi instituída uma competição, onde os vencedores subiriam cinco classes, e graças à irmã do Hasegawa-san que vai os bater caso não recrutemos a Afrodite-san, entraremos em uma missão perigosa."

 

     "Eu disse para você recapitular o plano Hito-san e não parecer uma recapitulação do episódio passado, ta achando que nossa vida é uma light novel?"

 

     "Mas precisávamos recapítular de uma maneira eficiente para a Afrodite-san entrar na party?"

 

     "E isso é um termo de RPG!"

 

     "Daiki você ta deixando incentivando esse assunto com tantas perguntas e Hito-san, você ta andando muito com o Miura, daqui a pouco vai começar a andar de cosplay também."

 

     Estávamos discutindo isso, mas já tínhamos andado e estávamos escondidos perto do corredor que da acesso ao complexo de prédios que tem as instalações das classes F para cima, era necessário entrar na sala normal, pois não haveria o horário de estudos para se reunir na classe AA devido ao evento, portanto todos estavam em classes diferentes.

 

     "Certo, como a minha parte no plano é pegar o microfone dessa instalação eu vou primeiro, não deve ter muitos guardas por aqui, tomara."

 

     "Boa sorte Daiki, e obrigado."

 

     "Estou fazendo isso para você conversar com a Koyama-san de um jeito que apenas homens podem fazer."

 

     "O quê?"

 

     "Ikanaru-san, você sabe que o Daiki é de fazer essas piadas não fique tão surpreso. E Daiki se a sua parte no plano não fosse tão importante eu te bateria agora mesmo."

 

     "Eu vou indo, até mais."

 

     O Daiki-san saiu andando normalmente para dentro do prédio e deixou-me e o Hito-san sozinhos enquanto ele olhava na minha cara com uma cara suspeita e meio corado.

 

     "Então essa história da sua irmã bater em todo mundo do time se não recrutar a Afrodite-san é pura mentira?"

 

     "Claro que não é mentira? Qual o motivo de ser mentira?"

 

     "Você só quer ela no seu time para vocês ficarem juntos."

 

     "Cla-claro que não, é tudo pela sala e minha irmã disse que bateria em nós caso não recrutássemos a Koyama-san."

 

     "Vou acreditar dessa vez Hasegawa-san."

 

     O Daiki estava entrando no complexo, aproveitando da troca de seguranças, se fazendo passar por aluno de classe mais alta, não era a coisa mais difícil do mundo, era só bancar o sabe-tudo, de qualquer maneira ele estava dentro agora.

 

     Agora não tínhamos mais como voltar atrás, iríamos recrutar a Koyami-san de qualquer jeito.

 

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     Por sorte ou destino eu cheguei bem rapidamente na sala de microfones, eu tinha uma rota onde provavelmente seria bem difícil aparecer alguém devido ser o horário da troca de turnos. E claro, caso vocês não perceberam quem está fazendo essa narração maravilhosa sou eu, Daiki-kun, provavelmente a Enfermeira-san ficaria meio triste em saber que ela não conseguiu ser protagonista antes de mim, mas era de se esperar afinal eu sou...

 

     "Hey Matsumoto-san você está parado na frente da sala de microfones, vamos entrar logo."

 

     "Hito-san o que você está fazendo aqui?".

 

     "Teve uma mudança de planos e também o Hasegawa-san disse algo assim: Se encontre com o Daiki, ele com certeza vai ficar distraído e estragar com o plano, não pode deixar esse cara sozinho."

 

     "Eu nem estou distraído, a porta que está trancada."

 

     O Hito-san abriu girou a maçaneta e a porta abriu sem nenhuma dificuldade, então ele me olhou com um sorrisinho como se tivesse tirando uma com a minha cara.

 

     "Por acaso essa porta que você falou que estava trancada? Algo em sua defesa?"

 

     "Eu fui consumido pela felicidade de ser o protagonista."

 

     "Esses jovens..."

 

     "Eu sou da mesma idade que você."

 

     "Você tem certeza?"

 

     "Somos do mesmo ano. tenho certeza que no máximo é um ano mais velho."

 

     "Ele descobriu meu segredo."

 

     "Ele? Você está falando com alguém?"

 

     "Você é realmente estranho Hito-san?"

 

     "Falou o cara que pensava no protagonismo no meio da missão."

 

     Enquanto isso com o Makoto.

 

     "Eu devia ter imaginado que ter mandado mais um faria eles enrolarem mais ainda."

 

     Voltando a sala de microfones, finalmente entramos e demos de cara com um professor.

 

     "Hey Matsumoto, o que está fazendo aqui? E qual é o motivo de estar matando aula?"

 

     "Eu só me perdi, sabe como eu sou lerdo né professor."

 

     "Só sei que você tem uma queda por situações que tenham que lidar com a inspetora Suzuki, vou chamar ela agora."

 

     Enquanto o professor me dava uma bronca o Hito conseguiu passar por ele e chegar até a sala onde estava o microfone que do sistema de som do prédio e começou a falar.

 

     "Hey aqui é o Matsumoto Daiki e os seguranças desse prédio me deixaram chegar até aqui, eu posso fazer qualquer coisa e vocês não me pegariam se não fosse por estar falando meu nome. Então se querem recuperar alguma fama dos seus cargos, acho bom me pegarem antes de chegar até a sala Z."

 

     "Como o Matsumoto está falando no microfone se ele está na minha frente?"

 

     "Professor é claro que não sou eu... E que história é essa de falar meu nome, para me perseguirem, e que péssima imitação da minha voz, ninguém realmente iria achar que sou eu."

 

     "MATSUMOTO! VOU TE PEGAR PELA MINHA HONRA DE INSPETORA!"

 

     "Droga... eu vou morrer, pelo menos te levo junto!"

 

     "O quê?"

 

     "Alunos insolentes, por acaso estão me ignorando?"

 

     Eu corri até o microfone e fiz o que achava certo como um herói da justiça ao entregar o verdadeiro criminoso.

 

     "O Ikanaru Hito ta comigo, podem castigar ele também!"

 

     Saímos correndo da sala dos microfones, porém a inspetora Suzuki e todos os seguranças estavam correndo atrás de nós, porém o que parecia estar com mais raiva era um professor que ficava gritando sobre como estávamos ignorando ele, estranho, como tem gente estranha nesse planeta.

 

     "Finalmente saímos daquela fria, você tem alguma ideia para não sermos pegos?"

 

     "Poderíamos sair da escola e nos transferirmos, de preferência, onde não tenha uma inspetora querendo nos matar."

 

     "Eu não devia ter perguntado isso."

 

     "Essa é a ideia de sairmos juntos, eu sempre posso sair sozinho, ninguém vai me ver."

 

     "Seu traíra."

 

     "Calma, calma. Eu não faria isso com um amigo que me nota na sala."

 

     "Eu também não te deixaria para trás garoto invisível."

 

     "Obriga... Hey não saia correndo sem mim!"

 

     "Desculpa, nem tava te vendo, achei que você estava atrás de mim então."

 

     "Então você estava conversando com uma voz saindo do além sem saber onde eu estava?"

 

     "Falando assim até parece que eu estava ignorando você."

 

     "Você saiu correndo sem mim."

 

     "Meros detalhes Hito-san, meros detalhes."

 

     "FINALMENTE ACHEI VOCÊ MATSUMOTO!"

 

     "Hey estou aqui também!"

 

     "Hito-kun? Não estou te vendo, mas eu vou te pegar também."

 

     "Ai ai ai, não me levantar inspetora Suzuki."

 

     "Matsumoto dessa vez você vai ter uma sessão de tortura e vai aprender por bem ou por mal como deve se comportar na Ketsui Gakuen, agora é só achar o Hito-san."

 

     "Eu estou aqui."

 

     "Onde?"

 

     "Estou segurando a sua mão sensei."

 

     "Hã? Nem te percebi, você queria tanto ser pego?"

 

     "Hito-san você tinha como fugir, qual o motivo de não fazer isso?"

 

     "Você não está vendo os olhos da inspetora Matsumoto-san, nós apanharíamos muito de qualquer jeito."

 

     "Pelo jeito o Ikanaru-kun sabe bem quando desistir."

 

     "Apesar de que um tempo sozinho com a inspetora mais bonita da cidade seria ótimo, finalmente entendi seu ponto de vista Hito-san."

 

     "Era isso, mas não diga em voz alta, ela realmente vai-nos..."

 

     Nem eu e nem o Hito-san nos lembramos de nada até uns quinze minutos antes do jogo quando a inspetora Suzuki nos acordou e falou para corrermos para não fazer o nosso time perder, esperávamos poder ganhar, mas não sabíamos se o plano do Makoto tinha dado certo.

 

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     Quando eu era uma pequena garotinha, devia ter uns oito anos quando me mudei para um condomínio diferente, e nesse lugar tinha apenas uma área em comum para as crianças brincar devido ao pouco número de prédios e as poucas crianças que tinha pela mudança eu não tinha amigas e no parquinho só tinham garotos eu só queria que eles me conhecessem como Koyami Masumi, ou até pelo apelido de Afrodite como alguns me chamam atualmente, mas garotos não pensavam em garotas naquela época e eu achava que eu também nunca pensaria em meninos.

 

     "Uma garota? vai brincar em outro lugar, estamos brincando de rei da selva e você vai se machucar e vai correr falar para a mamãe."

 

     "E-eu não vou, prometo que não vou me machucar, me deixem brincar."

 

     Eu só queria me encaixar, brincar um pouco na areia, fazer coisas de crianças, poder me divertir com eles.

 

     O rei da selva era um típico pique - esconde ou esconde-esconde, com adicional, que o a pessoa que estava procurando tinha que derrubar no chão antes que a outra criança utilizasse o balanço, por ser uma brincadeira meio perigosa, quando os pais sabiam que os seus filhos estavam participando todos eram repreendidos.

 

     "Pode brincar no parquinho, mas se contar algo para os papais, ninguém vai deixar você mexer no nosso parquinho novamente."

 

     "Desculpa, eu brinco ali."

 

     Eu estava sozinha, os garotos eram um pouco mais velhos que eu, eu tinha uns sete anos e eles deviam ter uns nove anos, não podia fazer nada, mesmo se eu contasse para os meus pais, eles só iriam me evitar mais ainda.

 

     "Olha só ela veio novamente, ela vai brincar sozinha novamente, afinal se ela vir para cá vamos ter que nos segurar e não vai ser divertido."

Depois de dois meses sem brincar com ninguém eu não tinha feito nenhum amigo, na época eu não sabia, mas havia se espalhado um boato da garota que brinca sozinha na minha escola e todos achavam que eu era estranha por isso, mas eu só queria que alguém em algum grupo

me aceitasse, mas mesmo nessa idade existia um destino que eu não conseguia atravessar. Até que um dia chegou um garoto da mesma idade que eu.

 

     "Curvem-se todos diante do poderoso Hasegawa Makoto."

 

     "Olha só quem voltou da viagem, o vigarista-san."

 

     "Eu sempre ganhei na brincadeira, encontrava e derrubava vocês antes de vocês utilizarem o balanço."

 

     "Mas você chegou a jogar areia em mim."

 

     "E você jogou seu sapato em mim."

 

     "Hey isso não vem ao caso, e alias quem é a garotinha?"

 

     "Ah você estava fora e perdeu isso, é só uma estranha que gosta de brincar sozinha."

 

     "Eu vou até lá conversar com ela."

 

     "Vai se arrepender Hasegawa."

 

     Um garoto virou as costas para os seus amigos só para me ver, só para falar comigo, ele tinha acabado de chegar, todos me achavam estranha, ninguém queria saber quem eu era, mesmo assim...

 

     "Hey não quer brincar com a gente?"

 

     "Claro que não, quem precisa brincar com vocês?"

 

     "É legal e assim da próxima vez eu posso falar que ganhei de você também. Obviamente não é só para te ajudar, então não fique convencida"

 

     Aquele sorriso contagiante, eu queria ir para o lado dele.

 

     "Mas eles não querem brincar comigo, tudo bem, é legal brincar aqui."

 

     Era uma mentira minha fazia tanto tempo que só observava à areia que eu brincava e os outros se divertindo que nem sabia mais como eu mesma me divertir.

 

     "O rei da selva aqui tem um decreto."

 

     "Hã?"

 

     "Hasegawa-san você finalmente vai gastar o seu decreto?"

 

     "Seu nome é Hasegawa-san certo? Eu os vi brincando por um bom tempo, mas nunca escutei isso de decreto."

 

     "Essa é uma regra especial, só quem ganha 100 vezes pode fazer um decreto e ele é absoluto, er... qual o seu nome?"

 

     "Koyami Masumi..."

 

     "O decreto do rei da selva é deixar a Koyami brincar com a gente."

 

     "Mas ela é uma garota e vai falar tudo para a mãe dela assim que se machucar."

 

     "Como se todos nós não tivéssemos feito isso quando nos machucamos e choramos, esse é o meu decreto e vocês têm que obedecer."

Todos os garotos falaram em coro.

 

     "Ok, ok, vossa majestade"

 

     "Pronto Koyami-san."

 

     "Obrigado Makoto-kun."

 

     Naquele dia brincamos muito e os garotos me aceitaram e apesar de nunca ter brincado, consegui ganhar uma das duas vezes o que fez todos ficarem surpresos e aos poucos eu me adaptei a vida na escola e o local em que morava e pude finalmente brincar com todos. Mesmo assim quis ficar mais forte para ganhar 100 vezes e poder pedir realizar um pedido para uma pessoa específica, um pedido para aquele que desde aquele dia, me fez olhar para ele.

 

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     "Finalmente achei sua sala Koyami-san, por favor, entre para o nosso time de basquete ou minha irmã vai me matar."

 

     A sala da Koyami ficou meio surpresa e começou a muita gente falar, alguns alunos inclusive saíram para procurar algum segurança, mas pelo jeito o Ikanaru-san e o Daiki conseguiram irritar os funcionários do prédio e até o professor tinha saído para perseguir eles.

 

     "Isso não é meu problema, e você está atrapalhando meus estudos."

 

     "Mas eu tive tanto trabalho de conseguir me infiltrar aqui."

 

     "Da próxima vez pense melhor na sua abordagem, uma garota não gosta quando só é procurada em situações de vida ou morte."

 

     "Ok, Koyami... eu quero falar que venci contra mais gente depois e para isso eu preciso vencer essa para dar empolgação para a sala AA."

 

     "Você só quer se gabar em cima de mais gente."

 

     Por algum motivo a Koyami-san sorriu e isso me lembrou de algo de quando éramos pequenos, mas eu não sabia o que exatamente.

 

     "Você sabia que nós paramos de jogar rei da selva quando eu tinha ganhado 99 partidas né?"

 

     "Não estou entendendo Koyami-san."

 

     "Se nós chegarmos até a final você vai ter que considerar que eu venci a 100 partida e assim eu terei um decreto."

 

     "Meeedo."

 

     "É sim ou não Makoto-kun."

 

     "Sim, só, por favor, não me mate com o seu pedido."

 

     "HASEGAWAAAAAAA!"

 

     "Essa é a voz da inspetora lin..."

 

     De alguma maneira o plano mais falho que já construí deu certo, mas eu tinha a impressão que meus planos e minha vida seguiria esse ritmo, mas o sorriso da Koyami-san quando aceitou meu pedido me deu a vontade de sorrir em direção a essa nova vida.

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